Me chamo Marcelo Grecco e sou cofundador e diretor de negócios da The Green Hub. Antes disso, sempre trabalhei em áreas comerciais de empresas, algumas delas multinacionais, atuando no desenvolvimento de negócios. Em 2015 senti a necessidade de fazer algo que acompanhasse a transformação que o mundo estava vivendo. Junto com algumas experiências e conhecimentos que adquiri relacionados ao marketing no mundo digital, a luta pela regulamentação e acesso à Cannabis ganhou um novo e potente aliado: a luta das mães. Na época o movimento das mães que lutavam para obter acesso ao tratamento com Cannabis para seus filhos começou a ter mais relevância e força, inclusive nos noticiários. Pensei comigo mesmo: essa é uma dor latente no mercado. Como eu poderia trabalhar com Cannabis sem tocar a planta e de alguma forma auxiliar nessa causa?
Trabalhar com isso era disruptivo pra mim e para o mercado. Falar sobre esse tema não é algo fácil e requer muito jogo de cintura para poder contornar as inúmeras barreiras que enfrentamos. Era hora de dar um passo pra trás, hora de se aprimorar e ficar mais preparado para esse desafio.
The Green Hub
Nesse contexto, em 2016, surge a The Green Hub. Inicialmente, tinha o intuito de trazer luz a esse mercado com informações relevantes e dados, focando em possíveis negócios e oportunidades. Após um período publicando relatórios e conteúdos importantes, entendemos que deveríamos começar a investir em inovação e desenvolvimento para essa indústria que começava a ganhar mais corpo. Daí em diante, nos tornamos a primeira aceleradora de startups de Cannabis da América Latina. Uma organização com o objetivo de impulsionar o crescimento de startups, que são empresas que nascem em torno de uma ideia diferente e replicável, por vezes inovadora, em condições de extrema incerteza. Além disso, atuamos como consultoria e promovemos eventos e experiências para outras empresas e pessoas desta indústria.
Antes de começar a falar sobre Cannabis para além do senso comum, precisamos passar por um conceito bem simples. Termos como Cannabis, Cânhamo, Maconha, Cannabis Medicinal, Hemp, Marijuana dentre tantos outros, no final se referem à mesma planta: Cannabis Sativa. Essa planta tem um convívio pacífico e importante com a humanidade há 12 mil anos, com exceção dos últimos 100. O que diferencia um termo do outro, ou melhor, uma aplicação para a outra é simplesmente a finalidade que será dada para o que foi ou será plantado. Claro, existem diferenças nas características, na concentração de canabinoides e em outros aspectos. Mas é preciso que nós tenhamos consciência de que no final das contas, tudo faz referência a mesma planta.
Para Além do Senso Comum
Precisamos ressignificar o que é a maconha. Assim começaremos a entender como podemos lidar melhor e explorar todo o potencial que ela tem para a sociedade, meio ambiente e economia. Temos um longo histórico de utilização desta planta ao longo do tempo, seja para aplicações medicinais, religiosas, industriais ou mesmo buscando a alteração da consciência. Hoje, com a tecnologia vivendo seu auge, é possível fazer papel, cimento, manteiga, leite, cordas, camisetas, dentre outros incontáveis produtos à base de Cannabis. Parece inacreditável, não é mesmo? Mas basta olharmos para o passado e veremos que mesmo em períodos onde a tecnologia era mínima, já tínhamos os meios para utilizar essa planta para as mais diferentes finalidades. Não vou me alongar nisso, mas a primeira bandeira americana feita na história, por Betsy Ross, foi feita com cânhamo.
Temos a chance de repensar a Cannabis como um todo. Mas antes é preciso muito trabalho para reeducar e desmistificar esse tema. Não podemos ser hipócritas. O mercado da Cannabis gera números muito relevantes nos países em que é regulamentado e isso gera problemas como em tantas outras indústrias: monopólios, produtos que não satisfazem os consumidores, práticas não sustentáveis. Mas o que temos aqui, é uma grande e talvez única oportunidade de criar uma Indústria que preze pela justiça, pela reparação histórica, diversidade, práticas sustentáveis, retorno à comunidade e tantas outras práticas necessárias para os dias de hoje. Não precisamos ter medo, pois todos os produtos e processos que existem e os que passarão a existir nesse mercado, devem seguir as normas e especificações vigentes no Brasil.
Sintetizando…
A Cannabis é uma planta muito relevante e que vai muito além do fumo. É preciso que toda sociedade saiba isso e esse trabalho seja feito com base na educação. O que ocorre hoje, é que a não regulamentação dessa planta e seu mercado não resultam em nada além de violência, gastos e esforços públicos muito elevados, produtos sem procedência, negação ao direito ao tratamento adequado, entre tantas outras mazelas. Não podemos fechar os olhos para essa questão. É preciso que o tema da Cannabis seja tratado com verdade e ciência. Assim poderemos trazer segurança, melhor destinação do dinheiro público, geração de empregos, arrecadação de impostos e tudo mais que esse mercado proporciona. É hora dos brasileiros e brasileiras acordarem para essa realidade e poderem desfrutar de todos os benefícios que sempre tivemos e os que ainda teremos relacionados à Cannabis.
Confira aqui o site da The Green Hub e todo o trabalho fundamental realizado por eles: https://thegreenhub.com.br/